domingo, 5 de dezembro de 2021

No princípio era o logos, e o logos estava com...

 Eu não ganho nada para escrever a porra desse texto.

É exatamente por isso que ele não precisa vir inteiro, acabado.

Vem em frangalhos mesmo.

“Só o resto”. Como a gente diz aqui no Ceará.

Escrevo pra nada, do nada que clama em mim. Escrevo porque morro, e o fim exige um caminho.

Poderia fazer qualquer outra coisa, procurar outro emprego, cuidar da vida dos outros, fazer um curso de informática, querer um celular novo, mas ao invés disso só quero escrever um texto novo, mesmo que ele não diga nada. Só para escrever, mesmo que seja num teclado, sem lápis ou caneta, um texto.

Não há nada que dê menos prazer em existir do que criar algo sem propósito algum, simplesmente com a nudez de estar aqui.

Eu ainda tenho esperança que um dia todos os sentidos decaiam para que nos reste apenas o nada à escrever.

A escrita tem o mesmo peso da fala?

Claro que não. A fala ocupa o espaço. A escrita ocupa o tempo. Ambos são história.

Nietzsche estava errado, Deus não está morto. Ele está caminhando para a morte, e é por isso que ele cria.


Paulo Victor de Albuquerque Silva.


3 comentários:

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