segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Anunciação.

 


Tu não viestes de longe estrela cadente

Pronuncias o vindouro do dia

Alumia o amanhã num caleidoscópio póstumo

Tens na chegada fria e cálida minha sina


Itinerários ramificam-nos às lonjuras

Ocupam fendas nos pés rachados

que

Assentam morada no barro barroco da modernidade


A noite descultiva, tal qual girassol a espera do dia

Ninho sacro profano, guarda-me nú

Roubaste-me a esperança na espera

Finca-me no agora sujo e arraigado da margem


És tu, ó finito, quem anuncias a senhora morte

Dama vestida à foice em sepulcro mórbido

Doas o sabor à vida, pois em queda vislumbramos o abismo

Abocanha-nos a profundeza com suas notas de desespero


Daí amar-te,

amo-te porque sei que findas

Amo-te pois não me pertences indistintamente

Amo-te pois nunca mais serás minha, já que não há amanhã

Amo-te pois sei que findo-me em teus abraços


Paulo Victor de Albuquerque Silva


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