domingo, 29 de outubro de 2017

Opaco

Implodir
Como o dentro que adentro
Implodir
Como o oco enquanto alento
Implodir
Como eco que professo
Implodir
Como o nexo que confesso
Implodir
Como o silêncio!

Por Jayme Mathias Netto
Vivisseccao.blogspot.com

domingo, 22 de outubro de 2017

Sem freio.

O tempo ta
                 rolando
                             ladeira
                                         abaixo
____________________________o
Quem segura o tempo?  O pensamento
                                                             °
O pingo do tempo consome as eras, risca o firmamento, engole Kronos, lambuza o argumento.

Paulo Victor Albuquerque

domingo, 15 de outubro de 2017

Sentimento em 4 estrofes

Cego, sigo a saga do sensível.
Certo de que o fim me é alheio.
Disperso, no espaço, escasso.
Como um porco no campo de centeio.

Destruo, destrono, desvirtuo tudo aquilo que me apoia.
Equilíbro-me entre a sanidade e a paranóia.
Torço para que a clarabóia não suporte.
O peso das frustrações de um passado latente.

Chamo pela chama falsa de uma vida plena.
Clamo pela erva vil que envenena minha mente.
Deslizo, liso pela borda do abismo.
Deduzo o relevante, uso o incoerente.

A mente, mente num último recurso.
Mostra-me um futuro distante,  contente.
Mentiras, em tiras de romance barato.
Descarrego a última bala do pente.

Por Júlio César Barbosa
vivisseccao.blogspot.com

domingo, 8 de outubro de 2017

O Plano

Antes

Durante

Depois

São planos

O antes que já foi

O durante que já passa

O depois que nunca vem 

Até que renasça 

Como antes também

Planos são fumaças

Que fogo não tem


Por Jayme Mathias 


domingo, 1 de outubro de 2017

Uma sombra que não é minha

As crianças são seres extraordinários, sempre nos despertam para o novo. Recentemente me deparei com um vídeo em que uma garotinha se espantava com sua própria sombra. O espanto socrático nunca foi levado tão a sério como por essas criaturas. Tal fato nos revela como o espanto não se limita àquilo que nos é externo, ele também se produz com tudo o que é projetado por nosso corpo. Parece que as coisas que emanam de nosso corpo não são produto de nossa consciência, daí o espanto. Na verdade não podemos nos surpreender com aquilo que nos pertence, que temos o controle de criação. Nos espantamos sim (!), com o desconhecido, com o fabuloso ou o estranho.
A criança se espanta com o novo. O que ela admira não é a última novidade em modelo de celular, antes é a existência do aparelho de comunicação a distância, é a invenção do “celular” e não o seu tipo ou marca. O que ela produz brincando não lhe espanta, mas ela traz para dentro de seu jogo todos os objetos de sua admiração.
Para surgir o espanto faz-se necessário a distância. Enquanto escrevo esse texto ele é coisa minha, outras vezes não. Com a distância temporal nos espantamos com aquilo que produzimos, ela se torna algo alheio, pertencente ao mundo, detentor de vida própria. O espanto é o reconhecimento do Ser que não está em nós, é o vislumbramento da superioridade da vida que não nos pertence, é o despertar de todas as coisas em sua magnitude. A criança se espanta com a vida do Ser.

Paulo Victor Albuquerque
vivisseccao.blogspot.com