domingo, 14 de novembro de 2021

Mais pesado que o céu.

 O mundo ruge

Abocanha o silêncio

Espreita o movimento da multidão na rua


Alerta aos sons, caminhamos

Nos orientando e desviando do acaso

Enquanto a cidade nos digere


A massa amorfa é a selva

Transpira concreto e fumaça

Seres acinzentados imanentes ao pó


Ruídos, barulho, zoada, vozes, (dissonantes)

Espaço preenchido com ondas sonoras

Hiperexcitação de corpos narcotizados


Todos com suas bengalas caminham

Desorientados pela música guia

Encruzilhados entre os sussurros da alma


Seus cajados tocam o solo na esperança que se abram os mares

Lembrando ao barro o derradeiro lugar do humano

Trombetas dispostas aguardam o sinal


Ao procurar um horizonte na história se voltam para o céu

Com nuvens fechadas sem frestas para a luz, distante

O sol não ilumina esse mundo, tomado por lustres taciturnos


A mesma abóbada celeste cobriu o céu de Baudelaire

Quando tomado pela escuridão do dia nos fez despertar ao evidente

"O que procuram nos céus tantos cegos?"

Paulo Victor de Albuquerque Silva


5 comentários:

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Jayme, Júlio e Paulo.