domingo, 7 de março de 2021

O micro já nasce macro


Olhos atentos à lente de aumento.

Na lâmina uma amostra grátis de relações humanas.

O cientista bila o olho direito na lente ocular. 

Procura angular corretamente a visão. Evitar o efeito do de parallax

Mão no braço, 

Canhão e revolver ajustados,

Charriot nivelado, luz, câmera, claquete, obturador.

Na lamínula:

RNA Lacradores levantando bandeiras minoritárias e levando pra lá e pra cá, ao seu bel prazer. 

Organelas escondidas atrás de cores, descoloridas, dessabores da vida real, que te riem pela frente e pelas costas, cravam- lhe o punhal dourado.

Falsos altruístas, ribossomos e privilegiados com complexos de Golgi, interpretando um papel de conveniência fisiológica. 

Artistas da convivência citoplasmática.

Delegados de comportamento

Ídolos que menosprezam fãs, sem perceber que são lisossomos em autofagia

Negando o inegável, inconscientes de estarem imersos na mesma membrana. Sentados no mesmo divã dos organismos danificados. 

Digladiam-se até que o vacúolo tome cada vez mais o espaço citoplasmático.

Enquanto isso, o núcleo, que deveria colocar ordem na casa, cruza suas fitas duplas de DNA e joga uns contra os outros abrindo as paredes de fosfolipídios para um visitante de falsa coroa. 

Que na verdade só quer que tudo se exploda. 

Mitocôndrias gritam mito, mas não conseguem completar a fala, sem ar. Sufocadas. 

Fanáticos, os retículos endoplasmáticos pedem intervenção celular.

O cientista tira a bila do olho da lente e pensa...

Pulta que paril...tenho que parar de ver tv.


Júlio César

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Muito obrigado pela participação. Continue acompanhando e comentando, isso é fundamental para nosso trabalho.

Jayme, Júlio e Paulo.