domingo, 9 de junho de 2019

Sertão.


Doutô, sabe de pôqu’em pouco a idea vem vindo.
- Quem homi?
- A idea doutô. Quer ver veja, num quer ver num veja: idea é como broto, semente, num sabe?
Ela é prantada cum cuidado danado e num é nos are do deserto, nem nos cumes do céu, é bem aqui na nossa frente, em preno sertão. Do sertão, doutô, brota milagre. Idé milagre, vê.
Elé regada to’dia, mas, nem s’ingane, idea sustenta prosa que num morre. Tá sempre cumeçando. Os redemoim, os aparei e esse negócio que já aprendi foi tud’explosão né negódi’Dêu-não. A idea explodiu foi na mem’hora doutô. Até as rocha que nós pisa. Chão aqui oh: idea. Bast’u chão que tem vida! Mode muvimentá: tem idea, e no vazio tumbém pr’onde é possível mudar. Há tanto vazi entre os corpo do céu quant’ideia. O buraco vazi é cheio d’idea, uma parideira. Parteira, nunca, aquele Sócrates tav’era doido homi ! Modo que tem o chêi tumbém, o chêi doutô. A idea é parideira, libera quaisquer vôo num sabe, parind’i cambaleando comus redemoin chêide fogo. Bast’ir atrás disso qu’o sinhô aché rápido, mas acha, tão rápido quantu coice d’uma idea. Feito cum a matéria prima: mode a inteligência, num é intelecto ou entendimento como tu diz não doutô é d’inteligênça merma, aquela que tem em quem come cabeça de peixe, quem usufruta d’erva sabe comé? Ou mem’mocotó, cabra bom, chêide prosa. Issé idea. A inteligênça tá bem aqui no mei de tod’mundo, nós basta cascavilhá.

Jayme Mathias Netto.

Um comentário:

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