domingo, 31 de março de 2019

Desafinado.

Eis em mim uma luta constante que travo com a corda do abismo.
Eu, trapezista dos agoras, aguardo o momento do derradeiro salto.
O instante preciso escapa entre os dedos e mergulho tão fundo quanto posso no oceano de lágrimas.
Agarro-me a solidão enquanto aperto as tarraxas do destino.
Quero dar o ritmo, achar o tom, sentir as vibrações do infinito, mas sei que o que me resta são murmúrios de um nada igual.
Desatino meu, já que nada sei nadar. Desatinado sou, o eu e minha consciência.
Ó vida, tu me deste a arte para querer voar, eu, logo eu, que nada sei nadar.
Não queria falar por mim, desafino, queria falar por ti.
Sei que nem tudo pode ser dito, por isso te desafino, arte.
Entre o ser da imensidão, encontrei o caminho do dito e o que dele não.
No fim tu vives, entre o ser e o não ser, instrumento que sou da tua arte.

Paulo Victor de Albuquerque Silva.

2 comentários:

  1. Uau!!!💕👏👏👏👏
    Quando veremos o primeiro exemplar publicado com esses textos incríveis??? Vamos fazer campanha. Dou meu aval.
    Parabéns, Paulo Victor, belíssimo texto!!##
    Orgulho de vc. Orgulho de vcs!!😙

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