domingo, 9 de fevereiro de 2020

Cabo de guerra

De tanto por ela chamar e não obter resposta, armei uma arapuca pra inspiração.
Enchi de leitura o quengo cansado, resolvi uns cálculos até a beira da exaustão.
Batata!
Antes de dormir a mente fervia, brigava com o corpo que cansado repetia as investidas de abraçar o sono.
Eis que no limítrofe entre sonho e vigília,
naquele comecinho de adormecer,  avistei a "mardita".
Maravilha! Sob as vestes de ótima ideia veio me visitar.
Uma epopeia que nasceu quase pronta, sem pretexto.
Redonda. Perfeita, filosófica, necessária!
Enquanto o corpo puxava o cabo de guerra pra o lado do sono, a mente contemplava com saudade a beleza da ideia grandiosa, dada pela inspiração que bebia água ali perto, como um cervo, atenta a qualquer movimento meu.
Minha armadilha funcionara! Fingi querer dormir, o "cervo" assustado chegou de mansinho e ali estava, diante de mim.
Enquanto era arrebatado pelo texto que se montava, me senti iluminado por uma luz que não cega, um calor que aquece mas não incomoda.
Repetia para mim incansavelmente: É isso! É isso! Que maravilha!
O diabo, é que de fingir que dormia, dormi!
A inspiração como o cervo que bebe água no riacho veio e se foi. E se deixou contemplar como força da natureza humana.
O corpo venceu o cabo de guerra e me puxou pra um sonho desconexo.

Acordei sem lembrar de nada da ideia, além da briga que travei comigo mesmo enquanto a inspiração bebia água!
E desse lugar entre sonho e realidade onde frequentemente ela vem me visitar eu não sabia.

Júlio César Barboza Dantas

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