domingo, 24 de novembro de 2019

Fracasso.


Não me lembro quantas vezes eu tentei.
A vida atenta, nos joga migalhas.
Aí você junta os pedaços. 
O problema é quando a estrada está cheia deles.

Seguindo os rastros percebi uma coisa, comia os pedaços do meu coração.
Errante, procurei as armadilhas na estrada.
Nunca as encontrei.
Conclui que aquelas migalhas tinham sido arremessadas por mim, só não sei quando.

Acho que tudo foi um engano.
Estava no labirinto de retalhos meu, e esqueci que haviam saídas.
Claro, comi as migalhas.

O que pode ser feito é uma nova refeição, até encontrarmos outros pedaços.
Autofagia do verbo, que na bíblia se fez carne.
Não há esperança no prato, antes o gosto do que a digestão.

O bucho vazio, é a única certeza que nós temos.
Eu só queria falar sem tá de boca cheia.
E no bucho, NADA!

Sempre achei todos os restos da vida, nunca o que importa.
De dia acreditei que poderia ser diferente, mas somente recebi o que tenho agora.
Nu, à beira do acontecimento, esperei algo grandioso.
De grande só meu eco.

Não sei até quando continuar tentando.
Meu analista disse que devo estar de bucho cheio.
Meu Pai empurra garapa de suco pra descer mais rápido.
Meu filho pergunta por que demora tanto.
E eu? Erro.

Paulo Victor de Albuquerque Silva.

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