domingo, 15 de setembro de 2019

Luiz

Ah Luiz, se eles soubessem,
o quanto a vitória significa pra nós,
se conosco estivessem, engodados nos cegos nós,
debaixo do fogo na trincheira,
se subissem a ladeira,
descalços no sol do meio dia.

Ah se eles soubessem,
o quanto quisemos não ser quem somos,
para só então descobrirmos que não queremos ser mais ninguém além de nós mesmos.

Porque hoje, diante da ocasião, percebo que não existe esmo no êxito
e a persistência trata de ser apenas  mais uma tentativa,
De resistência a loucura, de uma responsabilidade a qual não se opta, que se incuta nas costas de quem ainda não cuida nem de si.
E de repente carrega várias vidas na mochila, junto aos livros.

Ah Luiz se soubessem que a vida não escolhe, que ela não alisa,
que engole quem se encolhe, que não suaviza,
Que só há guisa de conclusão se for por meio da peleja
que de vez em quando, tomar uma boa cerveja é desafogar da pressão.

Que não há cereja no bolo
que não há perda sem dolo,
ainda que de um fim de semana de luxo da aldeia,
se antes não estiver na "pêia" de um UFC, onde os adversários são hidráulica e química,
se não correr na vêia a vontade de mandar a fitopatologia para o escambal.

Talvez, se eles soubessem Luiz, seriam gratos, gratos por tudo,
até pelo ossobuco, pelo feijão com gorgulho, pelo que se acha no meio do entulho,
talvez entendessem que o que importa não é o embrulho, mas o presente,
de viver com saúde  e milagrosamente sorrindo de contente,
no final de um dia de cão.

Ah Luiz se se pudesse medir a luz que irradiava dos olhos de uma mãe, refletidos numa sala cheia de doutos e bacanas, pessoas de primeira, com vida ganha,
Em plena segunda feira de fim de semestre regular.
Se pudessem ver além da foto tirada do celular
o que se esconde por trás do diploma

Se se pudesse pesar as noites mal dormidas, os penares da vida, nenhum papel jamais obteria tal gramatura.

Talvez se eles soubessem, entendessem meu choro bobo,
ao soar da leitura da ata,
do Soares que realizou o sonho da mãe,
de falar bonito igual professor,
palavras complicadas que creio eu, talvez, a maioria ela não entenda,
mas que soavam mais belas que o poema que ensaio agora nessas linhas poucas.
De ver o "seu menino" transformar em páginas toda a dor em um projeto que mede o labor de quem tá no pé do morro, onde uma vez esteve e transformar toda dor em indicador de um caminho para viver melhor.

Como um farol que "alumia" a cumieira do morro é que morro de orgulho de ver o Luiz transformar linha de costura e algodão doce em sonho realizado, como se fosse mágica, só que não.

É Luiz quem diria, que a tal da "filusufia" daria as caras no final das contas, que faria mais uma vez meu dia melhor, só de ver a felicidade e o rasgo de elogios à "IDEA"  de quem subiu comigo descalço a ladeira.

Por Júlio César

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