domingo, 31 de março de 2019
Desafinado.
domingo, 24 de março de 2019
Diga-me o que vê
Fecho os olhos.
Cansado de ver sem enxergar, simplesmente os fecho.
Do alto da baixeza apenas ouço.
Mastigo o nada.
Engulo seco.
O frio que corta a madrugada na sarjeta assusta pelo silêncio com o qual atinge os ossos.
O fio da meada agora escurece junto ao o cerrar das pálpebras e da negra noite. Eles não importam mais, tal como a escuridão, evanecem.
Ouço tudo e nada vejo, não obstante, enxergo.
Fora do Ouroboros, para além do bem e do mal.
Ouço ao longe a resignação da vida, diante das vestes da moral do sacerdócio.
A fraqueza disfarçada de nobreza,
enquanto aguarda silenciosamente pela eterna Vendetta.
Ouço apertos de mãos com o demônio, para então passar por eles.
Ouço rajadas de balas em livestream, em nome do nada.
Nobres detentos presidem agora apenas as grades que os encarceram.
Ouço o alastrar do câncer na fábrica de ideais.
O debater-se em vão na areia movediça.
Como o debater-se da mosca na teia da aranha.
Ouço o clamor por um vingador que não sabe sequer empunhar a espada.
Queremos a salvação, repetem.
Entregam as chaves aos cegos do Castelo.
Ouço tilintar das fichas de apostas na mesa.
E o all-in de quem não sabe jogar.
Em pouco mais de um par de horas, abro os olhos.
Esqueço os ouvidos enquanto observo o esplendor de um novo dia.
Ainda que igual, me iludo que possa ser diferente.
Me insiro novamente no ciclo sem fim.
Que saudade das minhas asas...
Júlio César
domingo, 17 de março de 2019
Ouroboros
domingo, 10 de março de 2019
Ela não me disse adeus.
domingo, 3 de março de 2019
Serpentes e serpentinas
Metais ao longe,
fantasia de monge,
O sol mal se esconde,
e a cidade já ferveu.
Êxodo automotivo,
entope as veias da cidade cinza,
Serpentes e serpentinas,
se confundem no chão de pés sem fim.
Problemas de lado,
o Pierrot mal amado,
tem que aceitar que "não é não"
e pagar a fantasia comprada à prestação.
Bocas bebidas,
Beijos, cuspidas,
Mortes e vidas,
Começam e terminam ao som do trio.
Marchinhas, outrora inocentes, sobre carecas contentes,
agora são críticas perversas,
a um país fantasiado de mendigo.
Achados e perdidos,
Heróis e bandidos,
Dançam juntos "segurando na corda do caranguejo"
Enquanto o esquecimento banca a diversão, em um lampejo,
Silencio, atento na escuridão de mim,
me abrigo.
Pois "todo carnaval tem seu fim."
E o meu talvez nunca comece.
Júlio César