domingo, 13 de agosto de 2017

O poço secou

É isso! O poço está seco! O que posso seco? Quando logo cedo percebo que me falta?
Falta. Faz-me lembrar de questionar a alma ao me deparar com o ditame que colocarei pra completar a rima, de desejar: " que a felicidade vire rotina!"
Mas como assim? Se tudo que é rotina, mistura na retina aquilo que é especial e o que nem tanto assim?
Se já somos reconhecidamente seres que só percebem o valor do que não tem, do que se foi?
Felicidade não pode ser questão de ser, mas de estar. Já dizia a música:  "When a moment is all we are!".
Somos momento, efêmero, fugaz. Brevidade que se esvai sem avisar. Porque então desejar que o especial vire banal? Que graça haveria no amanhecer se fosse sempre dia? Se não houvesse o frio da noite esguia? O mar pode ser lindo, mas se pergunta-se a um náufrago: do que mais  sente falta? Certamente que terra firme será sua ressalta.
O que posso seco? Posso tanto! Posso tudo! Posso encher, posso transbordar, criar, admirar, contemplar.
Transparecer, transcender, entender.
Refletir, inferir, deduzir. E perceber que é a falta que me faz humano. A incompletude me faz desejo, que me faz procura.
Procura que conduz a cura dessa doença chamada rotina que hoje é ruína das almas que não sentem falta.

Por Júlio César Barbosa Dantas

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