domingo, 6 de fevereiro de 2022

Luzes neon

Vivemos de luzes neon
Quase que incessantemente estamos on...
Como vagalumes atraídos para um chamariz.
Eterna balada, de cores e sons.
Chafariz de informações passando no feed.
Como escaladores de um cume, sem experiência em subir um serrote, seguimos em lote, conduzidos pelo "experiente coach do sucesso."
Guerreiros sem nenhuma cicatriz.
"Não é preciso saber nada, basta mentalizar e você será um exímio escalador." "Até onde sua mente é capaz de levar você?" Eles dizem.
Estamos constantemente hipnotizados por vídeos iluminados, retratando realidades utópicas que massageiam a mente.
Bombardeados de virais, nudes, atores e atos convergentes com aquilo que sonhamos.
A modernidade se nos apresenta como uma mãe tentando fazer o filho comer a papinha do sumo do supérfluo.
Deslumbrados, ingerimos o aviãozinho vindo em nossa direção.
Clamando por resultados, desdenhamos dos requisitos necessários.
Rejeitamos o que julgamos esquisito sem ao menos lhe dar o benefício da leitura.
E estampamos na cara a lisura do especialista.
Quem hoje prefere o preto e branco das páginas de um livro, às luzes neon? Quem é capaz de ignorar o frisson das redes sociais?
Passou de duas linhas é leitura dinâmica.
Não sobra espaço para o trabalho mental.
Tudo é servido, de bandeja como a luz de natal que atrai a mariposa.
E estáticos permanecemos frente ao neon.
Que vende a mesma mensagem, em diferentes espectros coloridos.
Você quer? Você pode!
Não precisa ler porra nenhuma não.
É só vestir a camisa da Nike.
E Just do It!
Mas ainda existe por detrás da cortina, algo que foge a rotina do like. A superfície das pétalas da vontade jamais traduzirão o que está pouco acessível na raiz da essência.
Que não se esqueçam os que perseguem a luminecência a todo custo, o que reside no fim da jornada, na fonte de transmissão luminosa.
Ao chegar perto demais da luz, nada mais se enxerga.
Em sua fonte o que aguarda, para além da longínqua espera, é somente o fim.
Nada permanece de paupável, nem para o corpo, nem para a alma, tal como não se toca a luz, esse tipo a nada conduz, senão ao vazio do ser.

Júlio César

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