domingo, 13 de junho de 2021

Minhas multidões

 Esses dias, me toquei de uma coisa. Sou operário das palavras. Capatazes cobram rapidez e qualidade do meu trabalho diário de tradutor com elas, mas eu faço as minhas revoluções. Há muito gozo em tratar mal os capatazes. Uma palavra mal escrita e eu riu da cara dela, deixo ela lá. Ela tá feliz, a bichinha. Elas riem entre si. Juntos quebramos o sistema. Adeus aos cifrões e padrões sociais. Minhas palavras só gostam de ser inventadas criativamente. Para todo o resto a gente faz nosso trabalho muito mal, a gente faz maior auê. Pus até isso no meu currículo e minhas cartas de recomendação: "Trato mal os capatazes e as minhas palavras também fazem o mesmo". Sou real amigo delas e não deles. Elas são escudo e lança da caça da minha fome de coragem. Juntos, vamos até o infinito e deixo essa minha declaração. A declaração que não convenceria ninguém a me contratar. E tá aqui estampado para qualquer um. Mas faço isso pelo amor delas e pelo meu amor próprio. Ah, as minhas palavras artísticas, quero delas o bem e o melhor! Para todo o resto eu digo au revoir!

Jayme Mathias Netto

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