Tenho pensado muito,
avaliado prós e contras,
feito as contas de quanto é preciso para encontrar a paz.
Tenho corrido da vida
de alma ferida,
cara lavada e mão tremida,
tenho visto vários vistos negados,
embargos e maus bocados
dos que precisam pertencer a um lugar de direito,
que respeite o pleito mínimo do cidadão decente.
Tenho ouvido absurdos aplaudidos
e bons estudos banidos do hall da utilidade,
dando lugar a mentiras que de tanto repetidas viraram verdades.
Tenho inspirado vírus,
expirado cansaço,
procurado algum traço da moral da história
que só cheira a mais um dia de 4000 desencarnos.
Tenho sofrido calado as verdades contidas nos ditados de mãe
aos quais nunca dei ouvidos.
Tenho tropeçado,
caído de uma ponte elevadiça,
imerso na areia movediça
que me engole vorazmente até o peito.
Quanto mais eu me mexo, mais me rejeito,
perdendo o respeito por quem dela sai.
Tenho sentido inveja de direitos que também são meus, mas nunca me foram assistidos.
Ainda assim tenho feito tudo isso,
e ferido, tenho sido humano, angustiado,
Tenho levantado após consecutivos nocautes,
e agradeço,
poderia nem estar vivo.
Nem sei se mereço.
Tenho sangrado sob o sagrado solo da meritocracia.
Andado por labirintos em um pesadelo do qual estou farto de não acordar.
Então tenho criado,
Brincado com a sorte,
Tentado a "salvação provisória das garras da morte".
Tenho dormido um sono profundo, acordado.
Tenho sido "limpo".
Tenho sido "imundo".
Cidadão do mundo,
sem sair do quarto.
Júlio César
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