domingo, 21 de abril de 2019

Ruminando borras de café

- Pêdo, mãe disse pra nós aboiar os bicho. Às vezes eu acho que nossa vida é que nem dessas vaca da máquina de moer cana. Nós roda roda e num sai do canto.
- Num sei.
- Eu fico oiando elas e me alembrando das Maria de nossa vida. Vó quando fala dela criança parece que ta dizendo do meu hoje. Tu num acha não?
- Num sei.
- Um dia desse seu Jorge teve um sonho e viu meu distino. Me viu moendo cana... Por isso fuiminbora naquele dia. Até que ia, aí mãe ficou doente. Seu Jorge... antes lia o futuro na borra, agora disse que vem no sonho. O sonho é meu, eu ainda vou mimbora, só passar isso aqui. Eu acho que ele sonhou cum futuro dele né?
- Num sei.
- Ôxe homi tu só diz que num sabe. Antes tu era chei de ideia, chei de sonho. O que será que acuntece cá gente. Quando foi que tu ficô assim?
- Num sei.
- A Pêdo dá não. Mió sonha só mesmo. Tô começano a achá que os sonho são as nova borra de café do distino.
- Já sei.

Paulo Victor de Albuquerque Silva.

2 comentários:

  1. Kkkk Amando esse filho poeta que tem nascido desse blog, que nos surpreende a cada novo texto. Parabéns! Mas venha visitar sua mãe pro mode não lhe traçar um "distino" cruel onde um mói de pêia não ha de lhe fartar!! 😂😂😜✌👋👐👏👏👏👏💞💕😙😙😙🎈

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  2. Parabéns Paulo Victor. Texto simples mais repleto de significado.

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Jayme, Júlio e Paulo.