domingo, 3 de julho de 2022

Julho do leitor: As sobras


O que restou de nós quando todos eles se foram?

0,5%, 1%. De que importa?

Sem tempo ou despedida, como num raio.

Um instante que crava a solidão no peito dos que restaram.

Ficara pensando por um tempo, o que é que se pode traduzir da imensidão do nada?

Vestígios contagiosos do que já fora num instante sem tempo ou espaço.

Eis que nos debruçamos entre as sobras.

O abismo grita como um animal em desespero.

Só sussurros são ouvidos.

Um frio na espinha estremece meu corpo.

Perdi o olfato, 

Perdi a coragem,

Perdi o suspiro,

Pensei estar de bruços... já não me acomete mais.

Não estou em lugar nenhum. Será o nada?

Como se o nada hospedasse aquilo que, um dia, sonhou ser algo muito além do ar que respirava.

Luiz Tiago Soares de Souza

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