Tava lá pintado no muro.Em uma foto. Do Instagram.
Num muro de São Paulo.
Nunca passei por lá, ainda assim me senti presente.
Porque a arte saiu da parede da foto, de repente.
Cruzou a divisa dos estados, mais rápido que qualquer avião. A tinta não foi suficiente pra segurar a sede. Ela vaga, na velocidade axônica. Como um parasita, procurando um coração hospedeiro.
Em dias estranhos, em que o silêncio tem sido o melhor amigo, a arte é o estampido da bala do canhão, uma orquestra sinfônica, a ressoar na mente mais relapsa.
Palavras pintadas que cortam como faca o lobo frontal.
Colapsa o metabolismo basal do cerebelo.
Descompassando o ritmo do mediastino centrado.
E a dúvida? Amor ou morte?
Sorte! De perceber, sem nunca sequer ter ouvido o som que ela produz, no rolar da tela, numa foto, num muro, uma frase que até agora martela o juízo...um arranjo sintático com efeito lisérgico
Tava lá, pintada num muro, por alguém que eu não sei quem é, em uma foto tirada por alguém, não sei quem foi. E nem importa... Como uma flecha torta ricocheteou e bateu em mim.
Lá pintada, num silêncio que agora fala tanto na minha alma.
E tem gente que fala fala e não diz nada.
Amortesalva!
A arte também.
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