domingo, 4 de julho de 2021

Julho do Leitor: Buraco Negro

 

Sua existência provada como uma faca crava em nossos corações. Ora, como se já não nos bastasse a baixeza da nossa mediocridade intelectual para com o sussurro das folhas e dos pássaros.

Mas o sofrimento aqui é vento, sopra forte e isento. Que até parece acalento, mas enchem reservatórios de lágrimas e de suor, em plena noite de frio entregue ao relento.

Ecologia dos doentes, frente a terra plana dos dementes e o meu corpo que sente a singela conexão com o pó. Uma dor de dente me acomete, adiante de mais um ente querido que adoece, o que é isso?! Pensa o jovem enquanto adormece.

Mas que complacente, o meu corpo, que teima em lembrar-me que és pó, puro pó.

Falo aqui do meu ócio, que desintegrou os meus ossos e me pôs em meu lugar...

Noite fria do sertão estrelado, nebulosas no céu e eu penso firme enciumado: que a via láctea tem uma escada, ao qual nos leva da água, ferro, prata, ouro à glória do espaço-tempo.

E nem mesmo à vontade, maldade, amor e bondade, escapam a atração da verdade, que nos leva ao encontro de uma nave, que do alvorecer ao crepúsculo de nossos tempos, nos oferece viagem num murmúrio quase que sem vontade: é tempo de voar.

Repetirei na vantagem, que escapa à mim e à idade - estão certos, há tanto tempo que nem mesmo a relatividade esteve tão à vontade pra dizer: da luz ao pó.


Luiz Tiago Soares

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