domingo, 20 de setembro de 2020

Fractal

Não tenho nada além do que sou.
Não sou nada além do que sei.
Quem então dirá ao certo qual o meu valor?
Quanto vale o amor que estou disposto a dar?
Como medir a distância dos passos que dei por onde passei?
Quanto custa o litro do meu sangue?
Das páginas que li, o que tiro de teoria e prática
é que sou só um ponto em uma linha infinita.
Um fractal em uma nevasca que cai. Bonita, mas fatal para os cristais que se derreterão no solo.
Por que me importar com o que acumulo no trajeto?
Quando tudo que possuo se esvai?
Ganhei o que nunca pedi.
Perdi o que sempre quis.
O que eu tenho?
Sentir, sem ti. Pois sem ter, não sou!
O amor é real?
Ou apenas autoconsolo de um mundo que reza pelo coletivo e idolatra o individual?
"Todo mundo busca desesperadamente algo para idolatrar",  
disse certa vez o dito profeta.
Ser ou ter? O que te afeta?
O que você busca dessa vida?
O que deixará?
Memórias ou fortunas? Observe o defeito nessa pergunta.
Em um mundo perfeito, não seriam essas duas uma mesma coisa?

Em meio a tantas perguntas sem resposta, o que hoje se reposta é o contrário do que penso.
Permaneço então avesso. Não tendo. Sou final sem começo. Sendo como posso. Doando o meu terço, esperando o vosso. Ainda que não venha.
Não tendo nada além do que sou.
Não sendo nada além do que sei.
Existo apenas para mim e para aqueles que entendem onde reside o "valor" das coisas.

Júlio César 

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