Hoje, o texto não tem contexto.
Pautado no que foi dito: " o mundo permanece tal e qual" sempre foi, com ele ou sem.
A poesia não tem rima, o clima não é de sol.
Me agarro ao texto e só a ele.
Porque escrevo não "para os afortunados planadores dos confins...", mas para mim mesmo.
Como "munífico homem" que não sou, anoiteço na sombra do medíocre.
E não vejo nele incômodo algum.
Há nele algo de familiar, que não me deixa sair...para baixo ou para cima.
O anonimato me permite apenas respirar e com ele vou...
Me agarrando à escrita como reflexão e justificativa para o meu sentido.
Sou, no momento, um peixe ladrão, que, da boca dos tubarões junta o que cai e dos restos vai sobrevivendo.
Nado no "bucho da serpente", ao mesmo tempo que "nas entranhas do meu Ser".
Transformo esse texto, não em interseção, mas em reflexo. Vivissecção de mim.
Junto os pequenos pedaços de incoerência e transformo aqui em algo que faça sentido para o plural que sou.
"Escrever sem objetar." Para bastar a si.
Pedaço a pedaço monto meu Franknstein tirando dos braços da "donzela dos lutos", vislumbres ainda úteis de redefinição.
Pois que sem graça seria a poesia estática, onde o preto é sempre preto e não ausência, onde o branco é sempre branco e não essência de qualquer atribuição moral.
Que seria de mim se não atribuísse?
Quem sabe algo melhor.
Remendo a remendo, apronto minha colcha de retalhos, nela os metralhos do general Fonseca ditam o ritmo da minha máquina de costura.
Ponto a ponto, apronto meu mosaico poético, como um Picasso um tanto patético, sem ânsia de criar.
Junto para mim um estandarte sem pé, nem cabeça, esperando que mais uma vez anoiteça e o amanhã me traga uma nova imagem dessa reciclagem, sem propósito outro que não me despir de mim para me vestir em outro eu com novos farrapos adicionados.
Por Júlio César Barbosa
Vivisseccao.blogspot.com
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