Pensando nos textos anteriores, ia publicar uma poesia, mas desisti. Fui tocado por algumas ideias, fui tocado pelo próprio corpo que se expressou em textos de Paulo e Júlio. Se somos mônadas, nossas janelas estão escancaradas. Saltou-me um júbilo expressivo. De repente eu estava fértil, parindo, brotando. Coisas escapuliam, palavras, imagens, ideias, memórias... Um sentimento. De repente soou meu daimon: “na imanência não há um fora”. Se pensarmos, a ideia, de fato, brota de dentro. Para onde? Para dentro, para adentrarmos no vivo. E o vivo quase nunca aparece em vida, quando aparece somos finalmente tocados, instigados ao “mais”. A vida ímpar pulsa e sai do banal. Mas não sai como uma ilusão da linguagem que picota, transcende, encaixota o espírito num fora qualquer que comprime nosso corpo e pára nossa ideia dia após dia, pensando em mundos possíveis, negando o único que vive. Ilusão. Baixo. Trivial. O Não. O que me ocorreu foi o contrário. O Sim. O próprio corpo pare porque acompanha a mente em uma ideia e transfere para um corpo que é texto nesse momento. Através de outros partos também em texto. O texto vivo é uma ideia que do próprio texto escapa, mas ao próprio texto volta. Faz ideia e é ideia enquanto corpo num movimento único. Saída e entrada sem rumo, em si, juntos, leve. A imanência é chapada e altamente fértil. É a conexão de tudo, cheia de buracos, forças que desconhecemos. Puxa a filosofia para dentro. Desencaixa o dentro para fora na medida em que é expressão. Um texto escrito ou dito é a palavra que força e é forçada por ideias. Só há fora porque sai de um externo vazio triste e adentra nas forças que se comprimem para dizer e criar potencialmente. Exprimir e ter uma ideia é expandir possibilidades de novas ideias. Jamais excludente, o que brota é multíplice, para parirmos de novo. Algo que se abre cada vez que diz sim à vida. E foi esse próprio texto que fez-se como um gozo de um momento vivo!
Por Jayme Mathias Netto
Outrora.net
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