domingo, 29 de maio de 2022

Serra das almas



As palmas das mãos calejadas
A calma estrelada da abóbada celeste
Perneiras para as picadas.
Apontam que ali não há peste, 
pior que o bicho homem.

Os espinhos do sabiá
Que se agarram por sob a testa
Como garras de quem detesta
Quem ali chega pra perturbar, avisam.


A mata não aliviará quem ali teimar em bulir.
E não apenas uma, mas toda criatura,
do carcará a saracura advertem no canto
 Que o manto que cobre o sertão
Fez o cansanção e a urtiga
E deu ferrão à abelha e à formiga
Pra brigar com a teimosia.

No meio do nada, o silêncio abafa até o sinal das redes.
O que aplaca a sede dos homens é o cansaço de brigar com o mato.

E todo dia é uma derrota. 
Que na manhã seguinte se renova
E a noite vira anedota achar que repelente funciona.


A natureza é implacável
E há muito fizemos a nossa escolha.
Hoje onde caem as folhas não repousamos mais.

Serra das almas pois ali o corpo físico jaz
Em meio a beleza voraz
Do que um dia foi nosso lar.

Júlio César



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